domingo, 27 de julho de 2014

SAUDADE É O AMOR QUE FICA

O texto abaixo, foi transcrito de um e-mail que recebi de um amigo. Quero crer que seja verdadeira a história nele contada. Mesmo que não seja, contém um grande ensinamento e que vale a pena reproduzí-lo em meu blog. Bom proveito.

Por: Rogério Brandão - Médico Oncologista

Um anjo que por mim passou.

Médico cancerologista, já calejado com longos 29 anos de atuação profissional, com toda vivencia e experiência que o exercício da medicina nos traz, posso afirmar que cresci e me modifiquei com os dramas vivenciados pelos meus pacientes.
Dizem que a dor é quem ensina a gemer. Não conhecemos nossa verdadeira dimensão, até que, pegos pela adversidade, descobrimos que somos capazes de ir muito mais além. Descobrimos uma força mágica que nos ergue, nos anima, e não raro, nos descobrimos confortando aqueles que vieram para nos confortar.
No início da minha vida profissional, senti-me atraído em tratar crianças, me entusiasmei com a oncologia infantil. Tinha, e tenho ainda hoje, um carinho muito grande por crianças. Elas nos enternecem e nos surpreendem como suas maneiras simples e diretas de ver o mundo, sem meias verdades.
Nós médicos somos treinados para nos sentirmos "deuses". Só que não o somos! Não acho o sentimento de onipotência de todo ruim, se bem dosado. É este sentimento que nos impulsiona, que nos ajuda a vencer desafios, a se rebelar contra a morte e a tentar ir sempre mais além. Se mal dosado, porém, este sentimento será de arrogância e prepotência, o que não é bom.
Quando perdemos um paciente, voltamos à planície, experimentamos o fracasso e os limites que a ciência nos impõe e entendemos que não somos deuses. Somos forçados a reconhecer nossos limites!
Recordo-me com emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco, onde dei meus primeiros passos como profissional. Nesse hospital, comecei a frequentar a enfermaria infantil, e a me apaixonar pela oncopediatria. Mas também comecei a vivenciar os dramas dos meus pacientes, particularmente os das crianças, que via como vítimas inocentes desta terrível doença que é o câncer.
Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o sofrimento destas crianças. Até o dia em que um anjo passou por mim. Meu anjo veio na forma de uma criança já com 11 anos, calejada, porém, por dois longos anos de tratamentos os mais diversos, hospitais, exames, manipulações, injeções, e todos os desconfortos trazidos pelos programas de quimioterapias e radioterapia. Mas nunca vi meu anjo fraquejar. Já a vi chorar sim, muitas vezes, mas não via fraqueza em seu choro. Via medo em seus olhinhos algumas vezes, e isto é humano!  Mas via confiança e determinação. Ela entregava o bracinho à enfermeira, e com uma lágrima nos olhos dizia:
– Faça tia, é preciso para eu ficar boa.
Um dia, cheguei ao hospital de manhã cedinho e encontrei meu anjo sozinho no quarto. Perguntei pela mãe. E comecei a ouvir uma resposta que ainda hoje não consigo contar sem vivenciar profunda emoção. Meu anjo respondeu:
– Tio, disse-me ela, às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondido nos corredores. Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muita saudade de mim. Mas eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida!
Pensando no que a morte representava para crianças, que assistem seus heróis morrerem e ressuscitarem nos seriados e filmes, indaguei
– E o que a morte representa para você, minha querida?
– Olha tio, quando a gente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama do nosso pai e no outro dia acordamos no nosso quarto, em nossa própria cama não é? (Lembrei minhas filhas, na época crianças de 6 e 2 anos, costumavam dormir no meu quarto e após dormirem eu procedia exatamente assim.) – É isso mesmo, e então?
– Vou explicar o que acontece, continuou ela: Quando nós dormimos, nosso pai vem e nos leva nos braços para o nosso quarto, para nossa cama, não é?
– É isso mesmo querida, você é muito esperta!
– Olha tio, eu não nasci para esta vida! Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa Dele, na minha vida verdadeira!
Fiquei "entupigaitado". Boquiaberto, não sabia o que dizer. Chocado com o pensamento deste anjinho, com a maturidade que o sofrimento acelerou, com a visão e grande espiritualidade desta criança, fiquei parado, sem ação. – E minha mãe vai ficar com muitas saudades minha, emendou ela.
Emocionado, travado na garganta, contendo uma lágrima e um soluço, perguntei ao meu anjo: – E o que a saudade significa para você, minha querida?
– Não sabe não tio? Saudade é o amor que fica!
Hoje, aos 53 anos de idade, desafio qualquer um dar uma definição melhor, mais direta e mais simples para a palavra saudade: é o amor que fica! Um anjo passou por mim...
Foi enviado para me dizer que existe muito mais entre o céu e a terra, do que nos permitimos enxergar. Que geralmente, absolutilizamos tudo que é relativo (carros novos, casas, roupas de grife, jóias) enquanto relativizamos a única coisa absoluta que temos; nossa transcendência. Meu anjinho já se foi, há longos anos. Mas deixou uma grande lição, vindo de alguém que jamais pensei, por ser criança e portadora de grave doença, e a quem nunca mais esqueci. Deixou uma lição que ajudou a melhorar a minha vida, a tentar ser mais humano e carinhoso com meus doentes, a repensar meus valores. Hoje, quando a noite chega e o céu está limpo, vejo uma linda estrela a quem chamo “meu anjo”, que brilha e resplandece no céu. Imagino ser ela, fulgurante em sua nova e eterna casa. Obrigado anjinho, pela vida bonita que teve, pelas lições que ensinastes, pela ajuda que me destes.
Que bom que existe saudades! O amor que ficou é eterno!!!

terça-feira, 22 de julho de 2014

O REMÉDIO PARA OS PADECIMENTOS

A fé é de grande valia no coração do crente, força poderosa que sustenta a vida na caminhada de ascensão espiritual. É, indiscutivelmente, o maior remédio para todos os males. É a disposição de esperança que sustenta sempre a confiança em Deus, mantendo-O vivo na consciência, fazendo sentir Jesus nos guiando em todos os roteiros do aprendizado, na esfera em que nos encontramos, por misericórdia de Deus, que é a Terra. É o Cristo comandando a todos e nos pedindo que confiemos em Deus e na Sua assistência; é a fé que realmente transporta montanhas e se torna em harmonia no complexo físico, traduzindo-se em saúde física para o corpo e espiritual par a alma. É remédio infalível, como sendo bênção de Deus, que pode nascer dentro de nós, nos curar e ajudar aos nossos companheiros. A fé não tem limites; ela tanto trabalha no mundo material, como no espiritual; é humana e divina, é filha de Deus nas mãos do Cristo. Mesmo nas trevas, se faz luz quando desperta; nas horas de grandes aflições, ela se transforma em paz, estabelecendo a harmonia e nos levando ao amor, nas asas da esperança.
A Terra ainda não é lugar de gozo; é lugar de expiações e provas, onde os sofrimentos atingem proporções imensuráveis. É como um grande hospital, cheio de almas em reparo, chorando e sofrendo em busca da cura dos seus males. Mas, como em uma casa de saúde, nela não existe somente gente doente; assim, muitos estagiam nela para ajudar na cura dos enfermos e, para tanto, Deus nos enviou a Doutrina Espírita, sob a égide de Jesus, para nos ensinar a cultivar a fé, a confiança, a amar a todos e a tudo, a amar a Deus em tudo onde se constata o trabalho da Sua generosa bondade.
O espiritismo nos traz páginas lindas acerca das leis naturais, e nos ajuda a conviver com elas, respeitando-as de modo a estabelecer na nossa intimidade a harmonia divina, para divina saúde dos corpos e do Espírito. Compete-nos fazer a nossa parte, para que tenhamos força de curar a nós mesmos, no sustento da vida sobre a Terra. É preciso saber que: o remédio para o ódio é o amor, para a violência é o perdão, para a usura, o desprendimento, e para a desconfiança é a fé, que restabelece o equilíbrio no mais profundo do ser.
A Doutrina Espírita veio restabelecer a Doutrina do Cristo de Deus, fazendo a humanidade relembrar a maior das figuras que pisaram na face da Terra. Fala-se muito em paraíso, desde os grandes profetas até os nossos dias; todavia, ele ainda se encontra distante, porque as suas raízes se encontram dentro de cada um, nos valores que granjeamos ainda em estado de sono, aguardando nossa boa vontade, para que eles acordem no exercício do bem, nas linhas do amor e da caridade.
O Espiritismo é um curso que os Céus mandaram para a Terra, sob a direção dos grandes benfeitores, que ministram aulas permanentemente, para que os Espíritos aprendam a educação dos sentimentos e se instruam em todos os campos do saber; manifesta-se como água da vida, lembrando sempre os feitos do Mestre dos mestres.
Devemos compreender o ensejo que representa a Doutrina, aproveitando isso na nossa educação e entendimento, e fazendo mais para nós mesmos, corrigindo nossas faltas e adestrando nossas qualidades. Para isso, devemos estimular a fé, de maneira que ela seja a verdadeira filha do amor, e por onde passar devemos fazer ambiente de luz, para que passem também a fraternidade e a esperança.
Volte ao começo da nova filosofia e leia com mais atenção as obras básicas do Espiritismo, para reforço da sua fé, dando nascimento ao amor. Se alguns dos males se transformarem em infortúnios em seus caminhos, não se queixe meditando no que a Doutrina nos revela e consola com a tolerância; medite mos que a justiça de Deus é reta, e ninguém paga o que não deve; confie no futuro, que no amanhã haverá de gozar a paz porque passou a viver em paz, porque encontrou o remédio para todos os males, que é a fé, na irradiação do amor.

ESSE – CAP. V – item 19
MÁXIMAS DE LUZ – MIRAMEZ – ANTONIO NUNES MAIA