Por Jorge Hessen
"Alguém nos questionou se usar uma tatuagem na pele teria influência sobre o perispírito. Há dirigentes de casas espíritas advertindo que todas as pessoas que fizeram ou pensam em gravar tatuagens ou usar piercings, automaticamente estarão em processo de obsessão. Alguns cristãos baseiam-se nas Antigas Escrituras, onde encontramos advertência aos israelitas de "que não deveriam marcar o corpo, fazer cicatrizes com açoites como autoflagelo, por nenhum motivo." (1)
"Alguém nos questionou se usar uma tatuagem na pele teria influência sobre o perispírito. Há dirigentes de casas espíritas advertindo que todas as pessoas que fizeram ou pensam em gravar tatuagens ou usar piercings, automaticamente estarão em processo de obsessão. Alguns cristãos baseiam-se nas Antigas Escrituras, onde encontramos advertência aos israelitas de "que não deveriam marcar o corpo, fazer cicatrizes com açoites como autoflagelo, por nenhum motivo." (1)
Conhecemos líderes espíritas convictos de que pessoas que
tatuam o corpo inteiro ou o enchem de piercings são espíritos primários que
ainda carregam lembranças intensas de experiências pretéritas, sobretudo dos
tempos dos bárbaros, quando belicosos e cruéis serviam-se dessas marcas na pele
para se impor ante os adversários.
Positivamente não identificamos pontos de caráter prático no
uso de tatuagens, especialmente se a lesão imposta ao próprio corpo for por
mero capricho. Isso sim, refletirá invariavelmente no perispírito, já que,
sendo o corpo físico (templo da alma) um consentimento divino para nossas
provas e expiações, devemos mantê-lo dignamente protegido e saudável.
Entretanto, será que o uso de piercings e tatuagens sobrepujam qualidades
morais? Quem pode penetrar na intimidade do semelhante e saber o que aí ocorre?
Sob a percepção histórica, a tatuagem é uma técnica
ancestral que se esvai na memória cultural das civilizações. Antigamente eram
aplicadas para marcar o corpo de um escravo com o símbolo do proprietário.
Gravavam-se os corpos das prostitutas com o emblema de um reino, governo ou
estado. Servia também para estigmatizar o corpo da mulher adúltera. Ainda hoje
é tradição o seu uso no corpo de príncipes de tribos beduínas, africanas e das
ilhas do pacífico.
Presentemente, servem para marcar o corpo de membros de
gangues, grupos de atletas esportistas (surfe, motociclismo),
"beatniks" (movimento sociocultural nos anos 50 e princípios dos anos
60 que subscreveram um estilo de vida antimaterialista, na sequência da 2.ª
Guerra Mundial.), hippies, roqueiros e alastrados principalmente entre jovens
comuns dos dias de hoje.
Os que se tatuam devem procurar identificar seus motivos
íntimos. Recordemos que o corpo é o templo do Espírito e não nos pertence,
portanto, é importante preservá-lo contra agressões que possam mutilar a sua
composição natural. Há os que usam vários brincos, piercings e outros adereços.
Haveria a mutilação espiritual por causa desses apetrechos? Talvez sim,
provavelmente não! O certo é que o perispírito é efetivamente lesado pela
defecção moral, desequilíbrio emocional que leva a suicídios diretos e
indiretos; vícios físicos e mentais, rancores, pessimismos, ambição, vaidade
desmesurada, luxúria.
Esfola-se o corpo espiritual todas as vezes que se prejudica
o semelhante através da maledicência, da agressividade, da violência de todos
os níveis, da perfídia. Destarte, analisado por esse prisma, os adereços afetam
menos o corpo perispirítico. Principalmente porque na atualidade muitos desses
adornos que ferem o corpo físico podem ser revertidos, já na atual encanação, e
naturalmente não repercutirá no tecido perispiritual.
André Luiz elucida que o perispírito não é reflexo do corpo
físico; este é que reflete a alma. "As lesões do corpo físico só terão,
pois, repercussão no corpo espiritual se houver fixação mental do indivíduo
diante do acontecido ou se o ato praticado estiver em desacordo com as leis que
regem a vida." (2) As tatuagens e as pequenas mutilações que alguns
indivíduos elaboram como forma de demonstrar amor a exemplo de alguém que grava
o nome do pai ou da mãe no corpo de modo discreto não trariam, logicamente, os
mesmos efeitos que ocorreriam com aqueles que se tatuam de modo resoluto,
movimentados por anseios mais grosseiros.
Curiosamente, muitas pessoas, retornando ao plano
espiritual, podem optar pelo uso dos adornos aqui discutidos. Segundo o autor
do livro Nosso Lar, "os desencarnados podem, sob o ponto de vista
fluídico, moldar mentalmente e de maneira automática, no mundo dos Espíritos,
roupas e objetos de uso e gosto pessoal. Destarte, é perfeitamente possível,
embora lamentemos que um ser no além-túmulo permaneça condicionado aos vícios,
modismos e tantas outras coisas frívolas da sociedade terrena." (3)
No que concerne às tatuagens especificamente, por ser um
tipo de insígnia permanente, pode, sem dúvida, ocasionar conflitos mentais. A
começar na atual encarnação, quando chega a ocasião em que o tatuado se
arrepende, após ter mudado de idéia, em relação à finalidade da tatuagem.
Concebamos que seja o apelido, sobrenome, o desenho ou algum emblema de alguma
pessoa que já não estima, não ama ou qualquer outra silueta que já não aceita
em seu corpo. Então, o que era um mero enfeite, culmina cansando a estética e
torna-se um problema particular de complexa solução.
Então, por que a pessoa se permite tatuar? Nas culturas
primitivas se usavam tatuagens com finalidades mágicas, para evocar a
interferência de divindades, para o bem ou o mal. Hoje é, para muitos
indivíduos, uma espécie de ritual de passagem, envolvendo a integração num
grupo. Pode ser também de identificação. Pela tatuagem a pessoa está dizendo
algo de si mesma.
Nas estruturas dos códigos espíritas não há espaços para
proibições. Não obstante, a Doutrina dos Espíritos oferece-nos subsídios para
ponderação a fim de que decidamos racionalmente sobre o que, como, quando, onde
fazer ou deixar de fazer (livre-arbítrio). Evidentemente que não é o uso de
tatuagens que retratará a índole e o caráter de alguém. Todavia, não podemos
perder de vista que alguns modelos de tatuagens, com pretextos sinistros, podem
ser classificados (sem anátemas) como censuráveis e inadequados para um cristão
de qualquer linhagem.
Nesse contexto, é importante compreender a pessoa de forma
integral. As características anunciadas no corpo são resultados de seus estados
mentais, reflexos das experiências culturais, aprendizados e interpretação de
mundo. Como dissemos, o Espiritismo não proíbe nada e fornece-nos as
explicações para os fenômenos psíquicos. Assim sendo, as recomendações doutrinárias
não combatem, porém conscientizam! Não são indiferentes aos dramas existenciais
e demonstram como edificar e marchar no mais acautelado caminho.
Dissemos que o uso piercings e outros adereços e da própria
tatuagem por si só não caracteriza alguém com ou sem moralidade. Investiguemos,
porém as causas dessas atitudes. Quais sãos os anseios, os sonhos, as crenças
dos que cobrem seus corpos com tais marcas? Tatuagens, piercings, são estágios
transitórios. Importa alcançar, porém, se tais indivíduos estão mutilados
psíquica, emocional e espiritualmente. O que os conduz muitas vezes a
despedaçar a barreira da ponderação e do juízo? Por que atentam contra si
submetendo-se a dores e sofrimentos incompreensíveis? Para uns o motivo é o
modismo. Outros, todavia, ainda se acham atrelados a costumes de outras
existências físicas e trafegam do mundo inconsciente para o consciente,
derivando na transfiguração do corpo biológico.
Perante questões controversas, as mensagens kardecianas
buscam na intimidade do ser o seu real problema. Convidam-nos ao
autoconhecimento e ao estágio do auto-aprimoramento. Sugere-nos sensatez,
autoestima, altivez, comedimento e a busca incessante de Deus, o Exclusivo
Ente, que facultara-nos completar de contentamento e paz de consciência.
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Jorge Hessen - nascido
no Rio de Janeiro a 18/08/1951, aposentado, residente em Brasília desde 1972.
Formado em Estudos Sociais com ênfase em Geografia e Bacharel e Licenciado em
História pela UnB. Escritor livros publicados: Luz na Mente publicada pela Edicel,
Praeiro, um Peregrino nas Terras do Pantanal publicado pela Ed do Jornal Diário
de Cuiabá/MT, Anuário Histórico Espírita 2002, uma coletânea de diversos
autores e trabalhos históricos de todo o Brasil, coordenado pelo Centro de
Documentação Histórica da União das Sociedades Espíritas de São Paulo - USE.
Articulista com textos publicados na Revista Reformador da FEB, O Espírita de
Brasília, O Imortal, Revista Internacional do Espiritismo, O Médium de Juiz de
Fora, Brasília Espírita, Mato Grosso Espírita, Jornal União da Federação
Espírita do DF. Artigos publicados na WEB da Federação Espírita Espanhola,
l'Encyclopédie Spirite. Revista eletrônica O Consolador, da
Espiritismogi.com.br, Panorama Espírita, Garanhuns Espírita e outros portais.
Site: http://jorgehessen.net/
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Referências bibliográficas:
(1) Levítico 19.28; Deuteronômio 14.1-2.
(2) Xavier, Francisco Cândido e Vieira , Waldo. Evolução em
dois mundos, ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de Janeiro, Ed. FEB, 1959
(3) Xavier, Francisco Cândido. Nosso Lar, ditado pelo
Espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1955
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Fonte: Centro Espírita Ismael -
http://www.blogceismael.com.br/2012/01/ ... irita.html
Que a paz de nosso Mestre e Guia Jesus reine em nossos
corações!
Li este artigo e fiquei contente em poder publicá-lo pois o autor foi muito feliz nas suas palavras, explicando como devemos nos conduzir diante daqueles que, por um motivo particular (ou não), resolveu fazer uma tatuagem ou colocar um adereço ao seu corpo. Com autorização do autor, publiquei na íntegra todo seu conhecimento e em nada o restrinjo. Ao contrário. Reforço que nossa atitude seja sempre de compreensão e nunca julgar o próximo. Nos cabe, quando oportuno, alimentar nos irmãos, que já fizeram ou que desejam fazê-lo, sentimentos superiores, envolvendo-os em amor e sabedoria para que façam da sua decisão uma alegria e não uma prisão.
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